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"Nocturno" (2001/2002), de Eduardo Guimarães Álvares (1959), foi concebido a partir das cores ou timbres da seguinte combinação instrumental: dois tan-tans e um vibrafone, instrumentos de ressonância metálica; dois log-drums, tambores de madeira de sonoridade seca; e um clarinete baixo tocando uma linha melódica que serve de planta baixa à arquitetura da peça. O material usado é muito simples; uma improvisação em modo dórico, gradualmente transposto uma terça menor acima. Estabelece-se aqui um movimento cíclico que nos faz pensar numa espiral: dois modos caminham paralelamente, mas respeitando um mecanismo de defasagem com velocidades diferentes. Cada vez mais notas se agregam ao modo inicial, criando defasagens e pontos de encontro marcadas pelas ressonâncias dos tan-tans e pelo gestual nervoso dos log-drums. É uma idéia que lembra a heterofonia; como se a duplicação de uma figura em várias placas de um material transparente em movimentos independentes fizesse surgir figuras mais complexas, outros desenhos que se assemelham ou não ao original. O processo de construção da peça é tão simples como a intenção do autor: escrever um interlúdio para acompanhar uma paisagem noturna.

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"Nocturno" (2001/2002) by Eduardo Guimarães Alvares (1959) was conceived based on the colours or timbres of the following combination of instruments: two tan-tans and a vibraphone, instruments with a metallic resonance; two log- drums, wooden drums with a dry sonority, and a bass clarinet playing a melodic line that serves as a blueprint to the piece’s architecture. The mate- rial used is very simple: an improvisation in the do- rian mode, gradually transposed to a minor third above. A cyclic movement is established reminding us of a spiral: two modes are developed in parallel, although respecting a mechanism of time-lag with different velocities. Gradually more notes join the initial mode, creating further time-lags and meet- ing points marked by the resonance of the tan- tans and the nervous gestures of the log-drums. This idea recalls heterophony; as if the duplication through independent movements of a figure in various sheets of a transparent material produced other more complex figures, not necessarily similar to the original one. The process of constructing the piece is as simple as the author’s intention to write
an interlude to accompany a nocturnal scene.