Musica Nova

[English below]
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Por questões de índole e fatores como a limitação de meios de produção, compositores brasileiros não podem se dar ao luxo da desagregação motivada por princípios estéticos divergentes. Resulta daí que qualquer esforço de divulgação de um certo tipo de música praticada no país raramente consegue passar para o público (e para a crítica profissional) a sensação de escolas de composição conceitualmente homogêneas. Deixando-se de lado o caráter politizante de discussões antigas e recolocando-as de forma ampliada no âmbito geral da cultura, a multiplicidade de tendências perpassou permanentemente, por exemplo, a trajetória de um Claudio Santoro, para citar apenas um dos grandes nomes da música moderna no Brasil: um ecletismo resulta da soma de estilos e atitudes. Mas, com isso, desfila positivamente na miríade sonora a diversidade que bem poderia ser a das ruas e matas de qualquer lugar do mundo. A ambigüidade na obra de Villa-Lobos, que oscilava entre a recriação de um passado e a necessária construção da modernidade, continua. E que assim seja!

Este álbum, nascido da participação dos professores do Departamento de Música da Escola de Comunicações da Universidade de São Paulo, alguns amigos e ex-alunos na programação do Festival Música Nova de 2007, apresenta um panorama abrangente da música de câmara do Brasil. Ele reflete tanto as escolhas particulares destes intérpretes, quanto sua capacidade de se engajarem generosamente em um projeto coletivo, orientado em torno do LAMI, o Laboratório de Acústica Musical e Informática daquela instituição. Daí, também, é natural que estejam reunidos diversos estilos musicais no país, cobrindo desde a música das tendências neoclássica e modernista dos anos 1940, até produções de compositores em plena atividade, livres das oposições em torno do caráter nacional, mas nem sempre alheios a ele. Trata-se aqui da produção de músicos sediados em São Paulo e Rio de Janeiro. Mas quantos bons concertos não seriam possíveis se houvesse uma maior circulação de obras brasileiras entre intérpretes do próprio país?

Por Marcos branda Lacerda

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Due to personality traits and factors like the limited production environment, Brazilian composers cannot afford to dismember the class for diverging aesthetic principles. It follows that any effort to market a certain type of Brazilian music rarely manages to convey to the public (and professional critics) a feel of conceptually homogeneous composition schools. Leaving aside the political character of past discussions and recycling them by expanding their more general cultural side, the diversity of tendencies was a constant in the career of Claudio Santoro, for instance, to name just one of the great names of modern classical music in Brazil: this eclecticism results from the sum of styles and attitudes. But this diversity that could be found in any streets or forests of the world parades in the myriad of sounds in a positive light. The ambiguity in the work of Villa-Lobos continues, balancing between the recreation of a past and the much-needed construction of modernity. And let it be so!

This album, born from the participation of professors from the Music Department of the University of São Paulo, in addition to some friends and former students in the 2007 Música Nova Festival, presents a comprehensive overview of chamber music in Brazil. It reflects both the particular choices of these performers and their ability to generously engage in a collective project, oriented around LAMI, the Laboratory of Musical Acoustics and Informatics of that institution. Hence, it is also natural that several musical styles meet here, covering from the neoclassical and modernist music of the ‘40s to works of contemporary composers who are free of the nationalistic controversies but not necessarily ignore the national character. These are the works of composers based in São Paulo and Rio de Janeiro. But we can only wonder how many good concerts would be possible if there were more Brazilian compositions being played by Brazilian performers.

By Marcos Branda Lacerda