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Henrique Oswald (1852-1931) é, sem dúvida, um dos compositores mais significativos da História da Música brasileira. Seu legado, além de extenso e variado, é de qualidade inquestionável. Mas apesar de seu catálogo comportar por volta de 150 títulos distribuídos entre diversos gêneros: obras para teclado (piano e órgão), música de câmara, sinfônica e vocal, além de três óperas, Oswald é mais comumente lembrado como autor de miniaturas para piano solo. Isto se deve provavelmente ao fato dele próprio ter sido um excelente pianista e professor desse instrumento. Entre seus alunos estão figuras que se tornaram fundamentais no panorama da música erudita brasileira: Luciano Gallet, Lorenzo Fernandez, Frutuoso Viana, entre outros. Não obstante, é sobretudo através de sua música de câmara que podemos conhecer esse compositor em toda sua magnitude.

Natural do Rio de Janeiro e criado em São Paulo, Oswald mudou-se com os pais, aos 16 anos de idade, para a Itália. Em Florença encontrou mestres – notadamente Giuseppe Buonamici – que o marcaram profundamente. Aí casou-se e constituiu família, tendo tido cinco filhos. Sua volta para o Brasil, em 1903, foi motivada pelo convite para ser o diretor da mais importante instituição musical da jovem República, o Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro (atual Escola de Música da UFRJ), tendo em vista a morte do ex-diretor Leopoldo Miguez e a renúncia de Alberto Nepomuceno depois de alguns meses no cargo. Nos 28 anos que viveu no Brasil, até sua morte em 1931, Oswald gozou de grande prestígio e foi considerado um dos mais, se não o mais importante compositor brasileiro de sua época. Porém, como sua morte se deu em um momento histórico em que a música brasileira procurava encontrar e estabelecer parâmetros que propiciassem o reconhecimento de uma linguagem musical com características nacionais, sua obra, assim como a de muitos de seus contemporâneos foi, de certa forma, considerada inapropriada por não possuir um sentimento de “brasilidade” perceptível. De fato, Oswald nunca teve intenção de escrever música com características brasileiras da forma como preconizavam os nacionalistas. Seu estilo claramente descende dos autores alemães (em especial Schumann e Mendelssohn) e evolui em direção à musica francesa (Saint- Saëns, Franck e posteriormente Fauré e Debussy). Esse é, aliás, o percurso que, grosso modo, se verifica entre os compositores contemporâneos italianos que, como Oswald, não se dedicavam primordialmente à ópera.

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Henrique Oswald (1852-1931) is undoubtedly one of the most significants composers of Brazilian music history. His legacy is plenty and varied, of unquestionable quality. But despite his catalog containing about 150 works of several genres, from keyboard (piano and organ), chamber, symphonic and vocal music, to three operas, Oswald is usually remembered as a writer of miniatures for solo piano. This is probably due to the fact that he was himself an excellent pianist and piano teacher. Several among his students became fundamental names of Brazilian classical music, including Luciano Gallet, Lorenzo Fernandez, Frutuoso Viana and others. Nevertheless, it is in his chamber music that the magnificence of the composer is best appreciated.

Born in Rio de Janeiro and raised in São Paulo, Oswald moved to Italy with his parents when he was 16. In Florence, he met masters—especially Giuseppe Buonamici—who influenced him deeply. He married and had five children there. He returned to Brazil in 1903, following an invitation to direct the most important musical institution of the then newly-founded Republic: the National Music Institute of Rio de Janeiro (currently, the UFRJ Music School), following the death of ex-director Leopoldo Miguez and Alberto Nepomuceno’s abdication after a few months in office. Oswald lived in Brazil for 28 years until his death in 1931, and during that time he was widely acclaimed as the most important Brazilian composer of his time. However, because he died at a time when Brazilian music was in the quest for its own parameters, trying to establish a musical language with national characteristics, his work and that of many of his contemporaries was considered inappropriate for lack of noticeable ‘Brazilianism’. Indeed, Oswald never intended to write music with Brazilian characteristics as prescribed by the nationalists. His style clearly originates in the German composers (mainly Schumann and Mendelssohn) and evolves towards French music (Saint-Saëns, Franck and, later, Fauré and Debussy.) Roughly speaking, that was the same path trailed by contemporary Italian composers whose preferred genres were other than the opera.